A habilidade mistica de se comunicar
Quando o amor flui como a água, a habilidade de se comunicar pode ser revelada em sua totalidade. A capacidade de se expressar está em proporção direta à quantidade de amor doada ou retida. Na Cabaláh, o fluxo livre de expressão é chamado "redenção" e o bloqueio ou a falta daquela habilidade é o "exílio".
Três exemplos desta dinâmica são vistos: na transgressão de Adão e Eva, Iosef (José) e seus irmãos e nas noites da festividade de Pêssach, dentro do calendário hebraico ou conhecida como a Páscoa Judaica[1].
A Literatura Rabínica relata que, embora Adão e Eva amassem um ao outro, seu relacionamento era repleto de inveja, de atitudes mesquinhas e suspeitas. Por causa disso, Adão não foi capaz de comunicar corretamente a ordem de D'us, de não comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, e adicionou a ela a proibição de tocá-la também. Como conseqüência, a serpente empurrou Eva para a árvore e tentou-a, dizendo que, assim como nada lhe acontecera por tocar a árvore, também nada lhe aconteceria se comesse o fruto. Isto a levou a comer da árvore e à subseqüente "exílio" do Jardim do Éden.
Após Iosef (José) relatar seus sonhos aos irmãos, a Toráh (Pentateuco ou Lei de Moises) declara: "e os irmãos odiaram José e não conseguiam falar pacificamente com ele." (Gêneses - Bereshit 37:4). Sua falta de habilidade de se comunicar, nascida do ódio, provocou não apenas o rebaixamento de Iosef a escravo no Egito, como também o próprio exílio deles.
A Hagadáh[2] de Pêssach, a festa da liberdade, representa a retificação da comunicação, e celebra nossa redenção do exílio no Egito. A palavra Hagadáh significa "relato" ou narração. Nas noites da festividade da Páscoa Judaica conhecida como Sêder (ordem) de Pêssach, geração após geração de judeus sentaram-se juntas como famílias e contaram a história do exílio e redenção, e sua relevância nos dias de hoje. Nenhuma noite no calendário judaico deixa uma impressão mais forte sobre as crianças, quando elas recebem a tradição passada amorosamente pelos mais anciãos. Embora o nome hebraico desta data festiva, Pêssach, traduzido literalmente signifique "saltar", ou "passar por cima" ou simplesmente pular, é explicado de forma homilética que a palavra hebraica Pêssach, pode se dividir em duas Pê e Sach, o que signifique "a boca que fala". Após vivenciar o isolamento, a solidão e depressão numa base individual, ou a opressão num nível político, a liberdade de se comunicar é um salto estimulante das trevas à luz, do exílio à redenção.
A comunicação permite poder compreender o outro, e ao verbalizar as sensações, começamos a introspectar nossa capacidade de comunicar-nos (a nós mesmos) para aprender a dialogar. As Sefirot se ordenam, se inicia o processo de captar os canais evolutivos dos mundos de Atsiluth (Proximidade ou Emanação), Beriáh (Criação), Yetsiráh (Formação) e Assiyáh (Concretização). A concretização de uma relação ou das relações humanas, esta baseada na comunicação e não na fala, porque se fala sem dizer nada e se pode comunicar sem necessidade de falar.
[1] Páscoa judaica (do hebraico פסח, ou seja, passagem), também conhecida como Pêssach, é o nome da oferenda ou sacríficio executado em 14 de Nissan segundo o calendário judaico ou calendário hebraico e que precede a Festa dos Pães Ázimos (Chag haMatzot). Geralmente o nome Pêssach é associado a esta festa também, que celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme narrado no livro de Shemot (Êxodo).
[2] Hagadáh ou agadáh (do hebraico הגדה, transl. hagadáh, “narração” ou “relato”), é o texto utilizado para os serviços da noite do Pêssach, contendo a leitura da história da libertação do povo de Israel do Egito conforme é descrito no Livro do Êxodo. Por celebrar esta libertação, a festividade de Pêssach é a mais importante das festas judaicas desde a visão dos valores universais do direito humano, e cada judeu tem por mandamento narrar às futuras gerações esta libertação. A Hagadáh contêm a narrativa desta libertação, as orações, canções e provérbios judaicos que acompanham esta festividade. Tem uma concepção mistica de grã importancia que permite que se possa observar cada um dos detalhes com uma significancia cabalistica.
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